Elas são seus trabalhos, suas crenças, suas experiências, seus filhos, maridos, famílias. São quem elas querem ser, são suas cruzes, também são suas dores e, por fim, elas são a maneira poética de educar.
Criatividade é quase um ato político: um desafio em criar que envolve muito além do que artifícios milagrosos e simples. Criar fala sobre adaptação, reconstrução, inovação ou reinventar uma vida inteira.
Todos os dias, milhares de mulheres acordam antes do sol nascer para manter suas famílias em pé. Suas vidas e seu eu em pé. Com desigualdade salarial e uma divergência gritando ainda na luta de seus direitos, elas são protagonistas. São líderes, empreendedoras, inovadoras, gestoras, criadoras e acima de tudo elas educam: 24 horas por dias.
Culturalmente, elas foram condicionadas à cuidar da família. Mas, o grande empowerment feminino, é inevitável e é preciso aceitar: elas não educam apenas a família, mas sim o mundo todo em sua volta. A cada projeto, cada passo, fala, escrita ou berro: elas estão sempre ali, nos educando. Interromper uma mulher deveria ser um passo para o purgatório. Deixá-las falar, assim como criar, é um ato político. Ao longo da história, elas perderam e ganharam espaço repetidas vezes. Em alguns momentos ficaram na sombra, em outros como peça principal. Ou melhor: protagonistas, pois, pesquisas mostram que as mulheres estudam mais, lêem mais, lideram melhor, passam 25% do seu tempo envolvidas com o trabalho e ainda sobra tempo para ser lar acolhedor.
Não é sobre competição, é sobre conquistar espaço. E é sobre este espaço que o artigo da semana é narrativa poética como uma mulher. É uma prosa que tenta criativamente contar parte da história de Michele Bruce (ciclista e proprietária da Bike Ativa Cicloturismo: agência de cicloturismo); Ana Cardoso (jornalista e autora de quatro livros, entre eles o best seller A Mamãe é Rock e o guia para a adolescência A Mamãe é Punk); Beatrice Takashina (designer e uma das Proprietárias&Idealizadoras do Jacobina); Flávia Feliz (co-fundadora do projeto Flowie Impact Experiences e da agência AGS Impact) e Heloísa Garret (jornalista e Presidente do LIDE no Paraná).
Michele Bruce
Uma linha infeliz costurando
Uma segurança do trabalho
Uma engenharia
E uma corporação
Um ponto e um caminho
Santiago de Compostela
Pés nús na estrada
Uma volta
E um encontro
Outro ponto: um amor
Uma agência
Cicloturismo
Uma educação.
É sobre consciência
Sobre qualidade
Sobre observar
Sobre simplicidade
Sobre educação ambiental
Sobre reutilizar
Sobre reciclar
Sobre coletar
Coletar cada parte possível
Sem definições
Sem rótulos
É sobre tudo
É sobre ser.
_
Ana Cardoso
É uma batalha diária:
Escrever
Criar
Filhos
Livros
Mas é preciso escutar
Tanto quanto ver algoritmos
Pesquisar
Fundar projetos
Bonne Chance!
Escrever livros
De novo
E de novo
Não pretender ser mãe antes dos 30
E ser.
Gostar de Porto Alegre
Mas morar em Curitiba
E ver o futuro
Do trabalho
Do mundo
Ser uma coluna inteira
Entre Pais&Filhos
Ser coerente
Aprender mais que ensinar
Tudo muito incipiente,
Mas acontecendo,
Sendo
Mulher.
_
Beatrice Takashina
Com sorte
Horizonte
O produto
O design
Eram tudo
E nada
Poderia ter feito qualquer coisa
Mas não fez
Fez o que deveria ser feito
Foi feliz como deveria ser
Feito?
Adaptável
Filha de japonês
Filha de italiana
Um continente todo
Ou mais
Aceitando o que vem
Tudo tem um porquê
Ser só 23 anos
E abrir um Jacobina para chamar de seu
E dividi-lo
E aprendê-lo
Lar?
Lugar?
Lar e lugar
Para educar
Compartilhar
Construir
E fechar
Soube a hora de chegar
Sabe a hora de partir
Mas sempre será
Família
E amor
Lar.
_
Flávia Feliz
Crescimento espirítual
Vale mais do que setores
Público
Civil
Privado
Um flow!
Sobre impacto social?
Pode ser nas Maldivas
Ou no quintal da casa
Quando ela sabe onde está
Ela está
E compartilha
Fazendo outros estarem
Todos estão
Consultando
Criando
Dividindo experiências
De impacto
Sem perguntar o que o mundo precisa
Perguntando o que faz se sentir viva
Com um pouco de Howard Thurman
E muito de sua mãe
De sua avó
Das suas amigas.
É ser semente
Terreno fértil
Flor
Potência
Natureza
É ser ela,
Acima de tudo
Feliz.
_
Heloísa Garret
Trocou o jornalismo de guerra
Pela maternidade
Não matou sonhos
Mudou todos
Diretamente de São Luís do Purunã,
Das escolas públicas,
Da primeira graduada da família
Jornalista
Mas é mais
Sem entender a classe C
Foi Gazeta do Povo
GRPCOM
E o que mais lhe permitiu ser.
Foi São Paulo
Foi Curitiba
Foi 4 anos
Indo /
/ Vindo
E agora
Faz palco
Para ti.
A primeira mulher
Presidenta
Do LIDE
No Paraná
No mundo todo seu.
Mas não é a única mulher
A ser várias
Dentro de uma Heloísa.