A atualização do Instagram tira os números de likes e preza por um Instagram mais saudável, mas o que causará uma saúde mental de qualidade é a verdadeira desintoxicação digital: vamos embarcar nesta viagem?
O Autor do Livro 10 argumentos para você deletar agora suas redes sociais, Jaron Lanier, afirma: “Evito as redes sociais pelo mesmo motivo que evito as drogas”. Segundo o relatório de Tendências da Ford, em 2019, a tecnologia e seus avanços exercem um papel fundamental na influência em nossa emoção e comportamento. Por conta disso, pessoas têm buscado cada vez mais uma vida off-line e cada vez menos, uma vida on-line.
Seguindo a tendência de uma vida mais carne e osso, o Instagram deletou seus números de likes na última semana: a proposta enfatiza ações que buscam transformar a plataforma em um espaço menos tóxico para a saúde mental de quem a usa. Mas, vale lembrar que ainda temos os views entre story e IGTV e precisamos caminhar muito para entender que a vida acontece aqui (no mundo off-line) e agora.
Muito antes da convergência do universo digital, a ciência explica um movimento nomeado behaviorismo, que estuda inúmeras formas de adestrar animais e humanos com comportamentos peculiares. O mais famoso colaborador do movimento F. B. Skinner, montou um sistema metódico que futuramente ficou conhecido como caixa de Skinner que atuava da seguinte maneira: animais eram engaiolados e recebiam vários agrados e cuidados quando faziam algo específico. Cruel, mas parecido com que as redes sociais fizeram com nosso ego e interferem diretamente em nossas escolhas e dia a dia: um vício em postar cada minuto de suspiro e um refúgio para acalentar alguns problemas que precisamos tratar e cuidar.
“Com vocês Sean Parker, primeiro presidente do Facebook:
Precisamos lhe dar uma pequena dose de dopamina de vez em quando, porque alguém deu like ou comentou em uma foto ou uma postagem, ou seja lá o que for (…) Isso é um circuito de feedback de validação social (…) exatamente o tipo de coisa que um hacker como eu inventaria, porque explora uma vulnerabilidade na psicologia humana (…) Os inventores, criadores — eu, Mark [Zuckerberg], Kevin Systrom no Instagram, todas essas pessoas —, tinham consciência disso. E fizemos isso mesmo assim (…) isso muda a relação de vocês com a sociedade, uns com os outros (…) Isso provavelmente interfere de maneiras estranhas na produtividade. Só Deus sabe o que as redes sociais estão fazendo com o cérebro de nossos filhos.” – 10 argumentos para você deletar agora suas redes sociais – Jaron Lanier
Todo mundo que está inserido no contexto de redes sociais e internet, de modo geral, recebem estímulos individualizados que são continuamente ajustados e personificados para cada usuário. Fazendo com que isso seja uma interferência direta em nosso comportamento como indivíduo e em comunidade. Mais do que nunca, a tecnologia tem um profundo impacto em como nos conectamos e vemos o mundo e, para aprendermos a exercer um equilíbrio em relação a isso, precisamos adotar uma necessidade de desconectar-se para fazer conexões de verdade.
A desintoxicação digital já virou um grande debate, palestras e rodas de reuniões em grandes empresas, com consultorias de tendências que educam marcas a incentivar esse movimento. Um exemplo disso é a Vivo e a Motorola, elas estão incentivando os consumidores a parar de usar a internet, celular e TV para viverem experiências fora da tela. Promovendo hábitos de consumo digital do jovem, que segundo a Infobase Interativa, são respectivamente 64% dispostos a largar essa vida virtual e viver mais as coisas que estão no concreto.
Por incrível que pareça, muito da desintoxicação digital vêm partido com força dos jovens, que estão cansados e querem uma pausa na utilização das redes sociais devido a problemas causados pelo uso abusivo das redes, como falta de produtividade, atenção, aumento de ansiedade, depressão, queda de autoestima e outros.
E claro que para que uma mudança aconteça em nossa vida em relação a quanto tempo gastamos com a vida virtual, as primeiras atitudes devem partir de nós e do nosso comportamento em relação a isso. Porém, a responsabilidade também recai sobre marcas e empresas ligadas ao universo da tecnologia, mídia e inteligência artificial: empresas como Facebook, Instagram, Google e Twitter estão finalmente tentando consertar a manipulação que seus serviços criaram.
No Vale do Silício, muitas das crianças que frequentam o ambiente, são colocadas em escolas que adotam a pedagogia Waldorf e em geral proíbem aparelhos eletrônicos. É preciso que haja uma educação e um discernimento para que nós tomemos conta da tecnologia e não ela do nosso consciente e subconsciente.
E você? Pelo o que você pode trocar suas horas de redes sociais para uma atividade que promova a criatividade e a produtividade em sua vida?