O Dia Nacional dos Surdos no Brasil é celebrado no dia 26 de setembro, para relembrarmos conquistas e diagnosticar o muito que ainda pode e precisa ser feito pela luta de inclusão aos surdos na sociedade brasileira.
O nosso mundo é barulhento e incomoda. O despertador toca e a nossa consciência já está pronta para ouvir desaforo, elogio, informação, som externo e interno, música: dá o play – que as falas desse filme não podem passar despercebidas. Mas, às vezes, passa. Passa, porque somos 48 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência e 21% desta população, não escuta o despertador.
Oficializada pelo decreto de lei nº11.796 em 29 de outubro de 2008, o Dia Nacional do Surdo é um espaço dedicado ao nosso calendário, para lembrarmos que nem todos nós escutamos o mesmo mundo. Pelo contrário, muitos de nós, escutamos um silêncio ensurdecedor que nos permite desenvolver outros sentidos mais aguçados – permitindo muitas conquistas, como a oficialização da Libras como segunda língua nacional, a obrigatoriedade do seu ensino na formação de professores, a obrigação do ensino bilíngue para crianças com deficiência auditiva e a obrigatoriedade da presença de um intérprete de Libras nos órgãos públicos. Porém, ainda há muito a se fazer para garantir a total inclusão das pessoas surdas no Brasil.
Neste mesmo dia, nasceu também, a primeira escola de surdos no Brasil. Em 26 de setembro de 1857 foi fundado no Rio de Janeiro pelo Imperador Dom Pedro II o Instituto Imperial de Surdos e Mudos. O professor francês Édouard Huet que escuta seu mundo em silêncio. Hoje, a escola se tornou o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).
Aqui na Escola de Criatividade, a inclusão é parte fundamental da nossa comunicação – em breve, nosso curso on-line estréia com todas as línguas, mundo e barulhos, graças a Fluindo Libras, uma equipe de tradutores ouvintes e surdos que têm em comum algumas paixões: a Língua de Sinais Brasileira, a arte cinematográfica e o teatro.
Quem nos conta mais sobre a arte de falar para o mundo não ouvinte, é Felipe Patrício, que nos explica como a tradução artística deixa este universo mais mágico e honesto. Pois, a tradução da Fluindo é com um viés culturalista, para soluções de entretenimento ao público surdo, num processo de criação que prioriza a estética e a objetividade do texto original. Oferecendo acessibilidade linguística que mapeiam o todo da obra.
“Atuamos muito na luta por reconhecimento ao nosso trabalho como tradução e não acessibilidade – uma palavra muito disseminada – mas, por exemplo um tradutor de inglês que faz seu trabalho, não está falando sobre acessibilidade, nenhuma língua oral é tratada como acessibilidade. A tradução em libras é tradução, a gente enxerga que também estamos nesse campo: traduzindo, em um outro lugar de fala, com um povo que tem outra cultura e história e precisa de uma tradução mais poética e que seja prazerosa para o público surdo”, diz.
Para que a magia narrada por Felipe aconteça, eles contam com a colaboração dos próprios surdos, afinal, foram eles que nos ensinaram e continuam ensinando essa língua. “Nos empenhamos muito na formação do público surdo, entendemos que a presença desse público é muito importante, para que eles possam frequentar todos os espaços e usufruir desse direito em todos os lugares, que é predominantemente frequentado pelos ouvintes”, declara.
Um universo off-line e on-line para todos
“Trabalho com a acessibilidade a mais de 10 anos e trabalhar no ambiente digital para que seja acessível para todos – respectivamente 45 milhões de brasileiros, segundo o censo de 2010 do IBGE – é enxergar inúmeras vertentes de se comunicar. No ambiente digital, a acessibilidade para cegos é muito mais trabalhada do que para os surdos, e os surdos são 11 milhões da nossa população – é muita gente precisando de espaço. A minha vida é atuar na mobilização, educação e transformação da sociedade em relação à acessibilidade na web”, essa é a fala de Simone Freire.
Simone Freire é grande parceira da Escola e faz todos os dias do seu calendário serem 26 de setembro. Você pode conferir o trabalho que o movimento e a Simone realizam, no próprio site da Web para todos – também pode ouvir sua história completa em nosso 15×15.
Nossa caminhada para uma sociedade com mais respeito, empatia e inclusão é longa. Enquanto não acalentamos 100% essas questões, que tal ajudarmos ao próximo a ouvir todos os despertadores que nos fazem acordar nesta história que é mais uma caixinha de pandora chamada vida: feita por nós, por vocês – escutando ou não, vendo ou não, somos todos da mesma raça e consumimos o mesmo mundo.
26 de setembro é um compromisso de todos: faça sua parte!