WISE é uma plataforma que promove a inovação de todas as maneiras na educação mundial. Seus projetos e estratégias são disseminados e compartilhados pelo mundo todo.
Foram dias de aprendizagem e conexões aqui no Qatar, durante a programação do #SUMMITWISE2019. O WISE tem permitido uma reflexão profunda sobre o que temos pesquisado, imaginado e sonhado pelo que acreditamos ser educação na essência. Estar aqui com tantos pensadores, educadores e líderes do mundo todo, dedicados a reimaginar a educação, o papel do professor e da sociedade diante das necessidades globais, têm sido revelador e ao mesmo tempo desafiador. Revelador, pois, vi e ouvi várias vozes, das mais diversas línguas, que a inteligência mais importante para investir, é a humana. Que valorização do ser humano, seus talentos e habilidades devem ser prioridades, se queremos escolas e universidades mais democráticas, inclusivas e inovadoras. Aprendi que, ser aprendiz acima de tudo é um dever de todos. Que enquanto tivermos paixão pelo aprendizado e pela criação, permaneceremos sempre jovens. Que educar é valorizar talentos e as vozes das crianças e jovens, como disse Larry Rosenstock – fundador da High Tech High, em seu discurso quando recebeu o prêmio de Escola Inovadora 2019. E que esses talentos podem surgir de qualquer lugar, desde que saibamos valorizar a criatividade e a inclusão, como disse Najat Belkacem, primeira mulher ministra da educação da França, imigrante de família de pastores no Marrocos, que tem como chamado à educação.
A Fundação Qatar, a Escola Acima de Todos, e a Zero Criança fora da Escola, organizações fundadas pela Skeika Mozah al Bin Nasser, em parceria com diversas organizações, empresas e a sociedade, são a prova que, em muitos casos, não são os recursos que limitam as decisões e sim as decisões de líderes que limitam os recursos para a educação. Também fui surpreendido com uma pesquisa elaborada por um neurocientista PHD, em que se destaca a inteligência relacionada muito mais com atitude e comportamento do que com a genética. E, que nosso cérebro aprende rapidamente de duas maneiras: pelo risco ou pela oportunidade. Com essa informação, podemos que pensar que as escolas devem parar de ensinar pelo risco, pelo medo ou pela força, e apostar no ensino pela oportunidade, pelo desejo e sonho. Quem nos conhece, sabe o quanto temos dedicado estudos e práticas com olhos nas habilidades criativas humanas e, saber que há muitos nessa sintonia, nos dá mais energia. Mas a experiência no WISE tem sido desafiadora!
Assim como em nosso país, a educação nunca foi prioridade para vários países lá representados, e também há muito a ser feito. Nossas escolas não podem entrar no modo avião, enquanto o mundo ao redor está conectado e se movendo rápido.
“O papel do educador vai muito além de ensinar o que ele sabe, pois, no fundo ele ensina o que ele é”, palavras fortes do ministro da educação do Butão.
Nós sabemos como a escola está isolada, e educação é responsabilidade de todos, da nação completa. Ela não é apenas de educadores e governos, mas também de pais, artistas, empresários e a sociedade de modo geral. Educação de um país é a marca que deixamos para nós, nossos filhos e quem nos visita.
Aprendi no WISE, que a escola e a universidade continuarão importantes, desde que percebam que não estamos mais em um mundo linear e sim, em rede e veloz. Que problemas globais como milhões de crianças refugiadas, racismo, violência contra mulheres, xenofobia e pobreza extrema, são problemas nossos e que devem ser temas recorrentes nas salas de aula. Que é preciso educar uma criança dando à todas a oportunidade do acesso a escola, como destacou emocionada a vencedora do Grammy, Skakira, fundadora da fundação Pies Descalsos para criar acesso em regiões de extrema pobreza na Colômbia. E que mesmo a educação sendo extremo desafio em países como o Sudão, basta uma voz para levar milhares a lutar pela educação do país.
Emi Mahmoud, jovem sudanesa que se formou cientista pela Universidade de Yale e se tornou uma das 30 mulheres mais influentes pela BBC, tem liderado uma marcha pela educação apoiando refugiados e comunidades carentes em seu país. E emocionou a todos ao dizer que criou um projeto com poesia para ensinar ciência na escola, acreditando que toda criança deve ter a oportunidade de sonhar. Sairei desse evento certamente mais movido a compartilhar tanta energia e causas. Porém, apesar de tantos desafios, todos sabem que a educação é o único investimento de longo prazo eficaz que uma nação pode fazer para seu desenvolvimento social e econômico. Palavras que foram recorrentes nesses dias no WISE, e que não tenho dúvida, muitos voltarão para seus países convencidos que sua responsabilidade será de continuar lutando e trabalhando ainda mais pela educação, crianças e jovens. Entramos todos praticamente desconhecidos lá no WISE, e saímos todos muito conectados pelas mesmas ideais e sonhos. Histórias inspiradoras ouvi de todos os cantos do planeta (em um único espaço). De gente famosa, presidentes e intelectuais à professores abnegados de escolas na Somália e ativistas da educação no Sudão. De poetas à neurocientistas, de ministros à músicos. Todos estavam lá por uma causa nobre: a EDUCAÇÃO. E para mim, Jean Sigel, a educação é a maior causa da humanidade.