O modelo clássico de educação que treina alunos a encontrar soluções para problemas que já foram resolvidos começa a sair de cena e dá espaço para uma nova educação: uma educação que incentiva a busca pelo problema, solução, criação e possibilidades.
Tudo o que você já ouviu sobre leitura, livros e afins, é verdade: o mundo literário consegue nos teletransportar para histórias que não são nossas. O principal elemento da leitura é a imaginação, nos dá a oportunidade de experimentar as vidas, os lugares e as culturas que seriam totalmente inacessíveis na prática. Por mais experiências que uma vida bem vivida possa dar, esse saber particular torna-se minúsculo, comparado com meia dúzia de prateleiras de uma boa biblioteca. Podemos levar nossos filhos ao parque, a um acampamento de verão, ao zoológico, e se formos privilegiados, até mesmo à África e à China. Mas nada que um texto e uma imaginação alheia nos promova a sensação de criar histórias interligadas àquelas que estamos tendo acesso.
Walter Benjamin, em meados do século XX, em seu ensaio Experiência e Pobreza, como também em O narrador e nos textos sobre a obra de Baudelaire e a figura do flâneur, já havia diagnosticado que a experiência (aquela que produz conhecimento), estava em queda, com a aceleração do tempo, os choques constantes e o excesso de estímulos causados pela vida moderna. Continuamos nesta queda, porém, agora, buscamos restaurar a nossa capacidade cognitiva de aprendizagem e mais, buscamos uma educação que nos traga experiências reais para o caminho de um ensino mais inovador e que valorize nossas habilidades.
Essa busca é nossa, mas também é daqueles que são ensinados a nos ensinarem: os educadores. Hoje, nosso caminho de construção do conhecimento é tributário da imaginação. Pois se assumirmos a experiência como único local do saber verdadeiro, nosso horizonte de conhecimento fica restrito ao minúsculo campo do indivíduo: aquilo que eu vi, senti, ouvi. E vemos, sentimos e ouvimos muito pouco, durante toda a vida. Mas, se dermos espaço à oportunidade de considerar a imaginação uma nova forma de metodologia de ensino? Aí, estamos dando vez e espaço para a educação do futuro: aquela em que somos condicionados desde muito pequenos – até muito grandes: a criar. Projetar e ter a liberdade de praticar a inovação cotidianamente.
Como grande incentivadora de uma educação mais libertária que a Escola de Criatividade é, separamos 5 habilidades que chamamos de necessárias para a educação – e o educador – do futuro. Para uma vida com mais experiências e menos teoria (isso não quer dizer que estamos deixando a teoria para o escanteio, até porque, ela é mais que necessária para a prática existir).
1. Amigão da tecnologia
Dentro de alguns anos, a maior divergência que poderá ser vista entre a atuação dos professores do passado e do presente, será a utilização das ferramentas tecnológicas. Isso porque, no futuro próximo, dominar a tecnologia será um pré-requisito para se manter no mercado de trabalho. Porém, é fundamental ressaltar que não se trata apenas de aprender a usar um novo software, mas de compreendê-lo profundamente a ponto de tirar o máximo de proveito dele. Será necessário transcender o uso pessoal das redes sociais, transformando em ferramentas estratégicas para a disseminação do conhecimento, para motivar e engajar alunos e para otimização da agenda pedagógica.
2. Ser multidisciplinar é a alma do negócio
Em um mundo globalizado, onde crianças e adolescentes têm acesso a qualquer tipo de informação, é importante que o ensino seja praticado sob essa nova perspectiva. Isso porque o ensino tradicional já não atende às expectativas das crianças e adolescentes que, para aprender, têm a necessidade de compreender a utilidade de cada informação. Os estudantes estão mais exigentes: já não aceitam receber o ensino fragmentado oferecido pelas escolas, que faz com que os conteúdos pareçam sem sentido e sem utilidade para o seu dia a dia.
3. Uma única língua não basta
A proficiência em outra língua se tornou um pré-requisito para conquistar as melhores vagas no mercado de trabalho ao longo dos anos. No ambiente educacional, não é diferente. A tendência é de que, nas próximas décadas, a maior parte dos docentes falem, pelo menos, dois idiomas. Por isso, o professor do futuro deve se capacitar para ser capaz de ministrar aulas para alunos de nacionalidades distintas e para interagir e compartilhar conhecimentos com educadores e pesquisadores de todo o mundo. Afinal territórios de aprendizagem e de ensino estão mais acessíveis em qualquer canto do planeta e, portanto, restringir as referências e conteúdos à apenas nossa realidade local e nossa linguagem padrão, é limitar o aprendizado.
4. Inteligência emocional
As emoções possuem um papel importante na aprendizagem dos alunos e nos relacionamentos que se formam dentro e fora da escola. Por isso, é necessário que os professores incentivem os alunos a lidar com suas emoções, educando-os para que se tornem aptos a controlar as suas angústias e medos e tirar o máximo proveito de outros sentimentos mais motivadores. Contudo, para ensinar é preciso aprender. Para ajudar seus alunos a desenvolver sua inteligência emocional, é fundamental que o professor desenvolva a sua própria. Usando estrategicamente a inteligência emocional, será possível desenvolver uma metodologia envolvente até mesmo para o mais pragmático dos alunos. Desconstruir velhas convicções e hábitos, é preciso para construir novas oportunidades e habilidades na relação com o aluno.
5. Educação socioemocional
Coletividade e emoções andam sempre juntas. E para o desenvolvimento das habilidades socioemocionais na sala de aula, é imprescindível estimular o respeito mútuo e a valorização da perspectiva do outro. Assim, ao trabalhar com a educação socioemocional, o professor do futuro auxiliará o aluno a gerenciar suas emoções e valorizar suas múltiplas inteligências, o que será um grande diferencial no futuro. Um dos grandes objetivos da educação, ao menos ao olhar da Escola de Criatividade, é ajudarmos a encontrar os talentos de cada uma. E para isso é preciso apostar nos dois lados – professor e aluno e no ambiente que os envolvem. O investimento não se restringe apenas ao aluno, ou no professor. É na relação que devemos investir.