“sou como a minha cidade
ouvindo os sinos aos domingos
sigo metade acordado
outra metade dormindo”
Essas foram as letras do refrão da primeira música que compus, nos disse o nosso grande amigo e compositor, Nélio Spréa. Batemos um papo com ele para nos contar como é a imaginação e o pensar de um compositor de música. Não deve ser algo comum, já que precisa de muitas ideias e inspirações. E o Nélio nos disse que as suas inspirações não aparecem como mágica, se é o que muitos pensam. Nada disso. Ele se inspira nas coisas da vida. Algumas vezes banais, outras depois de assistir a TV ou conversar com alguém, até mesmo da sua própria experiência. Óbvio que tudo o que o rodeia pode servir de inspiração, mas isso só se organiza dentro de sua cabeça porque ele tem muito repertório técnico. Ele pesquisou e estudou muito. É por isso que consegue ligar uma ideia na outra com tanta facilidade. Juntando as palavras com as ideias, rabiscando e riscando, cantarolando, e reescrevendo um pouco mais. E logo nasce uma música.
E depois que a música nasce? Existe uma satisfação que fica no ar? Como uma obra que você criou e agora pertence ao universo. Pelo menos esse é o nosso entendimento de quando se cria alguma coisa. Uma felicidade intensa. Já para o Nélio, ele disse que quando finaliza uma música, ela ainda está inacabada. Isso porque as pessoas ainda precisam ouvir e criar uma relação com ela. A música não pertence ao compositor, ela acaba sendo maior que ele. Colocar uma música no mundo abre uma nova inquietação. Possibilitar que as pessoas interajam com a carga de mensagem, que muitas vezes transparece o quê de arte-educador que existe no compositor Nélio. E é exatamente isso que ele quer das suas músicas, que possibilite uma mudança de perspectiva e uma reflexão sobre sua letra, algo que vai muito além da expressão de um sentimento.
Ideias são dobraduras
como aviões de papel
que viram outras figuras
com suas asas ao leo
pois todo voo procura
o infinito no céu
E dessas letras você se lembra? Para nós da Escola de Criatividade, essas letras nos remetem a bons momentos dos nossos primeiros anos, nos traz o sentimento de nostalgia. Já para o Nélio, em suas próprias palavras – êta, lembrança boa! Durante as construções dos trabalhos em conjunto, duas composições marcaram aquela fase – ideias são dobraduras e toró de parpite. Complementando e ainda cheio de emoção, Nélio compartilhar que “foi uma das músicas mais legais que já fiz, melodia gostosa de cantar e a letra representa todo o aprendizado que tive com o Eloi Zanetti e o Jean Sigel.”
Esse papo nos trouxe uma memória afetiva e queremos compartilhar com você, de ver o pessoal cantando junto. Acesse esses links para escutar e cantar conosco – Toró de parpite e Ideias são dobraduras.