Queen e sua grande mudança no mundo da música durante a década de 1970 resplandeceu nas telinhas do cinema e trouxe a nós uma aula de criatividade.
A cinebiografia “Bohemian Rhapsody” que retrata a banda de rock Queen e seu excêntrico vocalista, Freddie Mercury, fez sucesso estrondoso nos cinemas, faturando até uma indicação para Melhor Filme no Oscar de 2019. O longa colocou a banda britânica para novas audiências, inclusive nos mostrando diversas vezes sobre o processo criativo e original que levou a banca ao catarse.
Queen é tomado por hábitos criativos na hora de produzir suas músicas, com inúmeras referências de música clássica, rock, pop e até bossa nova. A ideia do Queen, nunca foi entregar o óbvio, o foco era sempre as não definições: “isso é rock” – “isso é pop” – e para isso, a disciplina vocal e de técnica musical ficou evidente na formação da banda. Quebrando protocolos e além da interpretação na orquestra e harmonia de instrumentos, notas e vocal, todo o contexto de sua apresentação como banda era pensada em performance e figurino.
O nome que se dá ao filme é a música “Bohemian Rhapsody” que protagonizou a grande publicidade dos Queen: um vídeo produzido pela banda que foi o primeiro do mundo, em que, as imagens visuais tinham total precedência à música, até então, os vídeos de outros músicos eram de caráter maioritariamente cinematográfico, como um curta-metragem se sobrepondo à música. Inclusive essa música tinha como referência a ópera, pois, eles sempre buscaram ir além do conforto deles, ousando muito mais do que uma simples banda de rock. Olhando o que acontecia ao redor, aprendendo com isso e sempre inovando em suas produções.
Live Aid também foi decisivo na carreira da banda. Eles começaram a construir alguns dos momentos mais decisivos na história do rock no palco. Possivelmente nenhum outro concerto, discoteca, filme ou série de televisão resumiu melhor o que eram os anos oitenta como o evento musical realizado em 13 de julho de 1985, para combater a fome na Etiópia, transmitido para 72 países e um público de 1.900 milhões de espectadores (de acordo com The New York Times e pela CNN) ao vivo na televisão.
“Ninguém tinha se preparado, com exceção do Queen”, que uma semana antes do espetáculo se fechou no Teatro Shaw em Londres e ensaiou exaustivamente para o evento, disse Pete Smith, coordenador do concerto, em seu livro “Encontro das Estrelas”.
We Will Rock You
O que queremos destacar (além do que já destacamos) é algo simples, mas que comoveu todo o público que assistiu ao filme nas telinhas do cinema: a música criada nos estúdios que acompanhavam a banda, para atingir a interação do público.
No começo parece meio despretensiosa, porém, o objetivo do Queen era justamente isso: criar algo onde seu público pudesse se sentir parte da composição, interagindo e formando as coordenadas de um show. Eis que surge “We Will Rock You” e o objetivo alcançado, onde o público participa criando as notas que compõe o ritmo da música, seja com batidas de pés no chão ou palmas das mãos se encontrando. Tenta colocar ela na sua playlist para tocar agora e apostamos que sua leitura para por aqui.
E isso tudo acontecia com o coletivo da banda. Não existia um gênio ou alguém líder de todas as ideias, absolutamente quase todas as composições e criações do Queen eram coletivas. Todos eles compartilhavam possibilidades e todos eles discutiam. A criação de “We Will Rock You” nada mais é do que o hábito criativo de uma comunicação verdadeira entre a banda e o público, a construção de possibilidades a partir de vários cenários ou pessoas e assim, a exploração de resultados. Como fazemos isso?
Dividimos esse hábito de mão na massa e criação em dois momentos: o primeiro é a hora da geração de ideias – das mais malucas às mais cartesianas – mas ainda assim concentrar na quantidade e não partir para o julgamento precipitado das ideias. Momento para gerar possibilidade e listar o maior número possível de soluções. Só a partir da divergência de ideias poderemos validar, selecionar e lapidar o que vão seguir em frente e ficarão de pé. E nesse caso, entra o segundo momento da construção que é a seleção das ideias mais originais e práticas que poderão gerar inovação. Momento do questionamento, da crítica, da convergência e o colaborativo para validação das principais ideias conforme a necessidade. E a partir daí o momento da construção, do protótipo, seja produto ou serviço (ou música).
Na criação da música é visto também o hábito de “ação e representação”, que engloba o teste, protótipo e realização: momento da demonstração da ideia, ou seja, eles pensaram e foram construindo juntos, cada um com suas ideias, colocando em prática de forma colaborativa e fazendo ajustes que deixassem a música ser o sucesso que ela é em interação.
O Queen é um catarse em história, música, cinema, literatura e criatividade. Tanto que, sua biografia é referência e explora o âmbito instrumental de inovação e originalidade. E você, tem algum filme que já lhe inspirou para a criação de processos ou práticas de hábitos criativos? Conta nos comentários e fique ligado que em breve, a Escola de Criatividade lançará o “Grande Livro da Criatividade”, onde abordamos os 10 Hábitos Criativos que acreditamos ser o que todos podem seguir para estimular sua criatividade e assim, aplicar no seu trabalho e na sua vida!
Quem sabe você não tem algum projeto ou alguma ideia guardada que seja um catarse tanto quanto o Queen?!