Resolvemos nos adaptar até na produção do artigo para o blog dessa semana. A pergunta é, por que não? Por que não podemos fazer uma entrevista entre a gente mesmo? Podemos sim. Então está aceito o desafio. Cada um faz três perguntas ao outro. Queremos saber como usamos esse nosso super poder nesse período “on-line”.
Logo no fim de março, ainda durante o susto e o medo da pandemia e quarentena, como enxergou a adaptação em sua vida?
Jean | Parecia um filme. Não parecia real. As notícias acontecendo mundo afora e a quarentena se tornando realidade também para nós. Obviamente ninguém estava minimamente preparado pra isso. Ninguém. Eventos cancelados, viagens canceladas, projetos adiados. E de repente estávamos todos em casa. Acho que minha adaptação até que foi rápida, mas muito talvez porque tenho uma relação muito aberta e próxima com minha família. Eu, minha mulher e minhas duas filhas sempre estivemos muito juntos. Sempre conversamos muito sobre tudo em casa. Escola, trabalho, problemas, projetos e principalmente sobre nossas emoções. Temos o hábito de almoçarmos e jantarmos juntos à mesa, quase todos os dias, e valorizamos muito o tempo juntos. Talvez por isso o trabalho e o estudo repentino em casa até que foram relativamente tranquilos para nós.
Qual a maior dificuldade de adaptação que enfrentou agora durante o isolamento social, principalmente com a não-rotina?
Jean | A não-rotina não foi exatamente um problema pra mim, pois nunca tive uma rotina muito rígida, já que as vezes trabalho de madrugada para poder descansar pela manhã. Ou tiro um dia de folga durante a semana para estar com minhas filhas, e compenso num domingo se for preciso. Pra mim a maior dificuldade foi deixar de estar próximo das pessoas durante essa quarentena. Gosto de viajar, de estar frente a frente com nossos clientes, parceiros e equipe. De me reunir e debater ao vivo com as pessoas, ou de falar para centenas delas nas palestras e conhecer novas realidades, culturas e desafios. Valorizo muito esse contato direto e acho que será ainda mais valorizado quando a pandemia acabar – dentro claro de uma nova realidade.
Quais são as duas ou três dicas que você daria sobre adaptação?
Jean | Valorize muito seus talentos nessa hora, e resgate talentos antigos que você talvez deixou fossilizar. Tudo que você puder usar e desenvolver agora será importante. Pergunte a você mesmo – Onde sou imbatível? E que talentos ainda não desenvolvi e posso agregar?
Ouça, ouça e ouça. Fique atento ao que está acontecendo não apenas na sua área mas em outras para aprender mais. Mas filtre, filtre e filtre, pois há muito ruído de informação, muita falta de consistência e oportunismo nesse momento. E aja. Ouça, pondere, mas aja rápido. Experimente e teste.
Procure conhecimento e sabedoria e não necessariamente conteúdo e futurologia. É o momento de reflexão e de investir em sabedoria verdadeira buscando fontes confiáveis e profissionais/amigos responsáveis. Não caia no conto das fórmulas prontas e achismos. Pode piorar, inclusive quando as coisas acalmarem, pois todos vão analisar o que cada um fez e não fez durante a pandemia.
Você é organizada e metódica. Como está se adaptando às incertezas e instabilidades que o momento traz para planejar e ajustar as velas da empresa?
Livia | Desde o início da quarentena vi um especialista falando que temos que nos preocupar com a nossa saúde mental, já que é um período de isolamento em casa que pode trazer diferentes sentimentos como a ansiedade e culpa. Além disso, dizia que precisamos criar uma rotina dentro desse nosso novo cenário. Sempre gostei muito de rotina – ter tempo para cada uma das atividades ao longo do dia. Se algum dia alguém vir meu calendário, vai entender o que estou dizendo. Tenho horário para tudo. A ideia não é ficar escravo da rotina. Pelo contrário, é eliminar o tempo de pensar o que tenho que fazer agora. Já está tudo definido. Só seguir. E o melhor de tudo, poder se dar ao luxo de sair da rotina de vez em quando. Percebi que só pode sair da rotina, quem tem rotina.
E como tudo isso impacta na empresa? Da mesma forma, com horário para tudo. Já tínhamos algumas atividades planejadas e colocadas como metas desse semestre. Só me organizei para conseguir cumprir tudo. Não acho que precisamos ajustar muitas velas da empresa, já que o foco deste ano seria o curso on-line. Obviamente que o adiamento e cancelamento de alguns trabalhos têm um impacto direto na empresa. Isso só me fez investir ainda mais tempo para finalizar e lançar o curso on-line.
Qual a sua maior descoberta trabalhando 100% de casa?
Livia | Descobri que posso morar onde quiser, desde que tenha internet de qualidade. Passei a morar na chácara, onde seria a minha casa no futuro. Mas agora virou realidade. E vi que essa vida mais tranquila dá para ser vivida mesmo quando tudo voltar ao “normal”. Aprendi a ter outros tempos. Antes a agenda só tinha espaço para trabalho e uma pequena parte para as atividades pessoais. Agora tenho tentado dar mais equilíbrio. E olha o que percebi, que isso não interfere na produtividade.
O que mudou radicalmente durante seu home office e você pretende levar adiante, mesmo quando o presencial retornar?
Livia | Vou continuar morando na chácara. Volto a Curitiba quando necessário. Se quiserem uma reunião presencial, podem vir até aqui. São todos bem-vindos.