Artigo compartilhado e escrito pelo Eloi Zanetti*
O lutador que é nocauteado quer ser nocauteado. Joe Damascio, treinador de Cassius Clay
Observe que nas lutas de boxe das categorias mais leves, tipos mosca, pena e galo, os lutadores se digladiam com violência e dificilmente caem. E, nas lutas dos pesados, um soco só, bem colocado, derruba o lutador, levando-o quase sempre a nocaute. No mundo corporativo é a mesma coisa; pequenas e médias empresas brigam desesperadamente, passam por extremas dificuldades e raramente saem de cena. Para as grandes, um golpe certeiro, fora de hora, pode colocar tudo a perder. Quantas empresas de grande porte não vimos cair aos pedaços, indo à lona por decisões desastradas de estratégia, descuido, baixa de guarda e, muitas vezes, até pela vaidade ilimitada dos seus dirigentes e proprietários?
Por isso, fique atento: sua empresa pode ter mudado de categoria e você ainda não percebeu. Será que ela é ainda a pequena ou média empresa que você pensa que é ou já subiu para uma categoria maior e não o avisaram? Se isso aconteceu, é bom começar a tomar as devidas providências para sobreviver ao novo estilo de luta. O patamar dos pesados exige maior atenção, pois os concorrentes serão mais agressivos e olharão para sua empresa com outros olhos e interesses. Você passou a incomodá-los. Lutar na categoria dos “de cima” não dá muito espaço para ingenuidade, falta de malícia, descuido, pausa para descanso e baixa de guarda. As modalidades das categorias mais pesadas exigem dureza no preparo físico. O lutador tem que estar preparado para aguentar os dez assaltos normais da luta e mais alguns se for necessário. O treinamento é mais exigente, preparadores físicos, técnicos e sparrings extremamente profissionais, e a atenção à luta deve ser redobrada.
O preparo do pessoal que atualmente trabalha na empresa é outro. Aliás, está na hora de rever o seu quadro de colaboradores. Eles servem para o novo estilo de luta ou estão assustados e perdidos? Pois é aí que está o perigo: muitas empresas sobem de ranking e as cabeças dos dirigentes e colaboradores permanecem como se estivessem ainda nos velhos tempos. Na luta dos pesados, as estratégias de marketing, vendas e gestão devem ser trabalhadas com inteligência e refinamento. O planejamento comercial deve ser audaz e ao mesmo tempo cauteloso. O apoio às vendas, aos representantes, lojistas e vendedores precisa de atenção constante. A nova ordem para a equipe é: deixem de pensar pequeno.
O velho folheto mal acabado e sem graça já não serve mais. As comunicações internas e externas passam a ser ferramentas de vital importância e necessitam de profissionais habilitados. Seus anúncios não circulam somente na região e sim em mercados maiores. E cuidado com esta história de “eu tenho um sobrinho que faz mais barato”. Isto pode sair muito caro. Existem trabalhos para escoteiros mirins e para fuzileiros navais, aprenda a diferença.
Nem tudo são espinhos neste novo cenário, se as exigências cresceram, as recompensas também são maiores. É por isso que as luvas (dinheiro pago aos lutadores) de um peso pesado sempre são maiores do que as das outras categorias. Existem poucos Tysons, Holyfields e Foremans e muitos Popós.
Por isso, tome cuidado quando sua pequena, risonha e franca empresa começar a crescer. Atente aos conselhos do velho treinador Marck (Clint Eastwood, no filme “A Menina de Ouro”): “Proteja-se sempre. Proteja-se sempre. Não baixe a guarda nunca.” Você pode levar uma e nem saber porque saiu de cena.
** Semanalmente teremos a colaboração do especialista em comunicação e criatividade, Eloi Zanetti, com textos provocativos e inspiradores. Ele que está no meio da Mantiqueira, tendo a natureza como sua inspiração, contribuirá e compartilhará um pouco do seu vasto conhecimento sobre diferentes assuntos, contando muitas histórias.