Maria Tereza Ulbrich coleciona em sua escalada da vida 18 montanhas com mais de 6 mil metros de altitude nos Andes.
Elevadas bem acima de seus arredores e muito mais alta que um monte, colina ou morro. Montanhas são isoladas e engrandecidas, conseguimos enxergá-las a quilômetros de distância, tomando a cena sobre a natureza. Algumas são formadas por vulcões: uma chama inteira que pulsa em sair para fora, em mostrar-se para o mundo sua acalentada potência. Outras, se formam desintegrando-se nas profundezas da Terra, puro movimento da crosta com o objetivo de dividir populações que ficam dos seus dois lados e frequentemente constituem fronteiras entre países, como as cordilheira dos Andes na América do Sul.
Uma força estranha que só o festival da natureza e seu processo podem nos explicar, (ou melhor: mostrar). Uma força para Maria chamar de sua: sócia da empresa Gente de Montanha, Maria Tereza Ulbrich (38) acredita que ser mulher é uma montanha de aventuras pelo o universo.
Formada em turismo pela PUC-PR, ela fez curso de escalada em rocha pelo Gente de Montanha e neste breve tempo não parou mais. Dali em diante, ela escalou montanhas tradicionais do Brasil como o Dedo de Deus, Agulhas Negras e Pão de Açúcar. Iniciou seu montanhismo após 24 anos da sua primeira experiência em escalada indoor no muro de uma loja de equipamento de escalada em Curitiba.
Depois que Maria decidiu deixar de lado seus 15 anos no mundo dos eventos, subir montanhas não apenas era seu novo refúgio, mas também como seu novo sentido de trabalho, vida e educação. Sendo várias montanhas dentro de si: específicamente 18 – delas, 9 são de altitude com mais de 6.000m. Exemplo: Vulcão Quewar (6.150m), Vulcão Sajama (6.538m), Huayna Potosi (6.088m), Parinacota (6.356m), Acotango (6.087m), o Remoto Nevado Socompa (6.060m), sendo que estas duas últimas nunca tinham sido escaladas por brasileiros.
As montanhas de Maria
Através dos eventos que produzia, Maria pode viajar bastante, conhecendo novos lugares, tendo muitas experiências e conhecendo pessoas. Quando parou, foi morar na Espanha por um ano e, no fim de sua estadia, realizou um passeio próximo a Madrid, em uma região que está rodeada por serras, uma delas: Serra de Guadarrama, onde fica um dos picos mais altos, o Puerto de Navacerrada com 1.858m de altitude.
“Puerto de Navacerrada , além de ser um lugar
com paisagens incríveis, é também uma estação de esqui
e havia ali uma cafeteria com uma loja de aluguel de equipamentos
e central de informações turísticas.
O tempo não estava bom,
enquanto todos retornavam devido ao mau tempo,
eu e meu amigo seguimos caminhando pelas
trilhinhas que serpenteiam a montanha.”
Fazia frio estonteantemente e a aventura de Maria começara com vento e pouca visibilidade. Sem roupas adequadas, ela caminhava com uma calça e uma ceroula, com botas de trekking e uma jaqueta emprestada. Mas, seu despreparo inicial não a fez perder uma das melhores sensações que este esporte pode proporcionar: a paisagem esbranquiçada na descida fez com que Maria se sentisse feliz por ter realizado aquela tão singela aventura em meio à beleza da montanha indomada.
Depois da sua experiência de frio e adaptações forçadas e necessárias, Maria voltou ao Brasil e mesmo que com algumas lacunas para se resolverem e serem resolvidas, estava disposta a fazer a nova realidade como seu futuro eterno: nas montanhas.
“Quando percebi, montanhas que antes achava impossível,
passaram a ser triviais. Percebi isso certa vez ao chegar
ao cume do Pico Paraná, montanha que só conhecia
pelas fotos antigas de meu irmão datadas de 1996!
Agora era eu que estava lá, vendo aquela paisagem
deslumbrante da Serra do Mar com meus próprios olhos.
Elas (as montanhas do Paraná) serviram para mim
como um treinamento para o próximo desafio.”
Montanhismo educa?
Maria acredita que se quisermos um mundo melhor, temos que trabalhar em sinergia e unir forças para que possamos construir projetos e fazer ações em prol de um objetivo em comum.
“Me fez tão bem viver as aventuras
através do montanhismo,
que agora eu desejo de coração
poder proporcionar o bem para outras pessoas.
E trabalhar com o montanhismo, acredito,
que ajuda pessoas a se perderem para se encontrarem:
é uma atividade que me sinto realizada em poder servir outras pessoas,
conhecer novas culturas e fazer novas amizades.
É uma troca de experiência muito intensa!
Para muitas pessoas que atendemos
é a melhor viagem da vida!
vivenciam algo novo e diferente pela primeira vez!”
“Bebemos água ao invés do vinho”, diz Maria
Escalar montanhas é um processo de adaptação que envolve, segundo Maria, desafios físicos e psicológicos, escassez e tudo, refletindo na sua vida com grandes experiências. Para ela, essa adaptação é o maior desafio para a maioria das pessoas, “se a aclimatação não fosse necessária, escalar uma alta montanha se resumiria a ter um bom condicionamento físico”.
“Cada pessoa tem seus motivos para escalar.
Para mim, escalar trata-se de dominar meus pensamentos,
acreditar que posso melhorar, encontrar soluções
para meus problemas e controlar meus momentos de raiva.
Só de respirar o ar da montanha já me sinto aliviada.”
É na montanha que Maria consegue se encontrar e sentir a realização por fazer seu trabalho, por conhecer a história de cada um que passa pela minha vida: “Quero continuar a ajudar as pessoas a encontrarem o montanhismo”.