Um texto sobre o outro.
A eletricidade é aquela parte da física que estuda os fenômenos naturais resultantes da presença de um fluxo de carga elétrica. E agora você deve estar se perguntando: o que é que isso tem a ver com criatividade e empatia? E o que empatia tem a ver com criatividade? Bem, sabe aquela mosquinha que você gostaria de ser para saber o que o outro está fazendo? Ela é a figura perfeita para descrever a nossa sensação de curiosidade, mas, principalmente, para servir de imagem para o que a gente usa como desculpa com bastante frequência: a grama do vizinho é sempre mais verde. Sempre. E se a gente reinventa essa ideia e pensa: por que a grama do vizinho está mais verde hoje? O que ele passa na grama? Com que frequência ele cuida dessa grama?A grama está entre as prioridades dele?
Essa listinha de perguntas e outras tantas, são o pontapé para que a gente entenda a perspectiva das coisas sob a ótica que a gente escolher e veja a riqueza que isso dá a qualquer projeto. Manoel de Barros tem um verso que é o seguinte: “as coisas não querem ser vistas por pessoas razoáveis”. E a gente consegue ser bem razoável de vez em quando ao olhar tudo sob uma única perspectiva. Sempre, eu, eu, eu. E o outro? Se a gente partir da ideia de que, para existir eletricidade entre dois corpos, os dois têm energia e os dois estabelecem um fluxo, essa é uma boa imagem para a gente defender este hábito: eletricidade empática – a capacidade de a gente direcionar nosso fluxo de energia para compreender o outro.
Antes de traçar qualquer coisa e evidenciar constatações que possam dar luz as suas ideias, vá à campo e pesquise o seu mundo: ande nos parques e observe as pessoas, vá aos hospitais e descubra os piores problemas de recursos humanos. Olhe sua vida com um olhar observador e veja porque as coisas são como são e, se elas podem ser reestruturadas de outra maneira. Escute as pessoas. Olhe as pessoas. Observe as pessoas. As coisas. O mundo. Observe as ruas, a sua cidade, a economia, a tecnologia, a arte, a filosofia. Observe os detalhes cinematográficos de um clássico ou do cinema contemporâneo. Observe os detalhes de um livro e a construção narrativa de uma história.
Não importa o que você escolher ou se propor a observar, apenas reserve um local, alguém, alguma coisa, seja lá o que for – tente destrinchar isso como um laboratório observatório, sem julgamentos, completamente tomado pela imparcialidade: o que? Quem? Como? Quando e por quê? – essas são perguntas básicas para a construção de uma pauta. Qualquer pauta. Responda essas perguntas ou faça anotações esporádicas sobre o que você observa – VALE TUDO! Só não vale não observar.
Quer criar algo? Observe o porquê e se isso será essencial para o mundo e se atenderá a necessidade (do seu público). Observe as coisas e você terá respostas para perguntas que antes nem existiam: quando aprendemos a observar os detalhes, as pessoas, as histórias, aprendemos a criar coisas em prol de um propósito.
É legal olharmos esses processos de sentidos e habilidades instalados em outros campos que não são comuns aos nossos, para perceber que, em toda e qualquer profissão e definição de vida, as habilidades se aplicam igualmente. Seja com técnicas ou sentidos sensoriais.
Atitude, liderança, foco, resultados, disciplina e organização são fatores fundamentais para a criação, mas nada se compara a capacidade aguçada de observar o mundo.
A competência de um bom observador é uma premissa e pode ser mais abrangente do que todos os fatores citados acima. Observar permite a amplitude de qualquer coisa, uma capacidade de percepção sobre o mundo e a possibilidade de identificar detalhes que podem fazer toda a diferença no processo criativo.
Isso é associado, obviamente, com a técnica de se estar presente: mindfulness – um ato de atenção plena, de visualizar. Aqui também se encaixa todos os outros sentidos, como a audição citado no início deste e-book. Quando prestamos a atenção em algo, podemos ouvir melhor os sons e perceber conversas, tons, ruídos e outros elementos.
Sentir o cheiro das coisas, da grama verde e da comida caseira, perfumes e, claro, não podemos esquecer do nosso paladar – ferramentas importante de observação, quando sentimos algo através da pele ou da experimentação de sabores e gostos.
A observação possui técnicas, as quais podem ser desenvolvidas e trabalhadas. Normalmente ela antecede a decisão e a ação e nos fornece subsídios, insights, ideias, observar uma tendência, ou uma oportunidade de mercado ainda não percebida, etc. Tudo isso pode orientar de maneira consciente, ou não, as nossas decisões e ações.
OU SEJA: quanto mais observarmos, mais insumos temos para decidir e agir!