Levante a mão, sim, e pergunte.
Sabe aquele aluno que não espera a professora terminar de falar para levantar a mãozinha aflita e executar a pergunta que já está na ponta da língua? Pois é, possivelmente ele foi taxado de impertinente, inconveniente, chato. Você já parou pra pensar que a ponte entre esse aluno questionador e um adulto mais sagaz é quase óbvia? Quem pergunta pavimenta uma estrada que pode chegar a um lugar bem interessante. Quem não pergunta pode estar perdendo a oportunidade de saber mais ou o mínimo a respeito de algum assunto e ficar parado para sempre no meio deste caminho esperando um resgate. Desde como funciona uma máquina de sorvetes, um submarino e até por quê o céu é azul. É sempre a pergunta que faz a gente avançar algumas casas no tabuleiro do conhecimento. E, no fim, pode ser que o adulto tedioso que não questiona estivesse só atrás de respostas que lhe foram negadas na infância. Até decidir parar de perguntar.
O silenciamento tem um efeito cascata. Uma criança que teve sua curiosidade podada perde a confiança e a falta de confiança mina outro ponto: a comunicação e a própria imaginação. De novo, isso é só um dos equívocos da educação tradicional: a procura obsessiva por respostas e soluções. Ou a proibição das perguntas. As respostas dão conforto e comodismo, enquanto as perguntas instigam e desequilibram. Sabemos, no mundo adulto, no ambiente corporativo, uma pergunta abre processos e a inovação acontece justamente a partir de boas perguntas. Quanto mais se pergunta, mais se bate em cima da ideia, mais se questiona o problema, mais se revê o ponto de vista, mais aparecem outras soluções.
Na base de todo conhecimento, a curiosidade está presente se reproduzindo como uma pergunta. Isso acontece desde que o mundo é mundo, no conhecimento comum ao conhecimento científico, com perguntas formalizadas, simples, verbalizadas, imaginárias ou escritas. A pergunta é sempre a ferramenta fundamental como ponto de partida para o conhecimento. Assim, pode-se dizer que uma criança se desenvolve à medida que satisfaz as suas curiosidades e passa a fazer perguntas.
Por exemplo, ao nascer, por instinto, crianças sentem fome e procuram o peito da mãe. E assim, a formação dela começa por meio de dúvidas e experimentações: será que posso ficar de pé, o que minhas mãos fazem, posso colocar isso na boca, e como eu falo o que os adultos falam, onde posso chegar, como funciona, como acontece, o que são essas coisas – a humanidade cresceu assim, construindo perguntas e respondendo aos desafios, desenvolvendo curiosidades.
As perguntas eram e são chaves das relações humanas, projetando a comunicação para se chegar ao entendimento. Para que isso acontecesse, nós, humanos, precisamos aprender a dizer as coisas certas, no momento certo e para as pessoas certas – o certo aqui é saber ouvir as respostas com atenção, projetando perguntas para gerar curiosidade que nos gera conhecimento. É através de perguntas interessantes e bem formuladas que é possível obter as informações que desejamos – ou não – mas de alguma maneira isso despertará conhecimento e curiosidade em nossas criações.
A escola tradicional não sabe lidar com pontos de interrogação – a gente sabe. E perguntar é mais do que um hábito criativo, é essencial. Foi com perguntas e busca por respostas que a Escola de Criatividade nasceu e, essa história, você confere ao longo de outubro nas nossas grandes linhas e páginas que contará o começo de todo nosso processo criativo que você também faz parte. 🙂