Inovação sem criatividade, não existe. Mas nunca tive medo de afirmar também que sem comunicação não há inovação. Jamais vou me esquecer quando fui a uma reunião com o CEO de uma grande empresa – uma das maiores do Brasil – e enquanto aguardava na sala de espera folheei uma revista da organização. Nela havia uma matéria sobre um novo programa interno de geração de ideias para a inovação. Show, não é? Mas ao iniciar a reunião comentei com o diretor e o parabenizei pela iniciativa. Para o espanto dele, e o meu claro, ele me pergunta: Que programa é esse? Não conheço!
Um projeto não comunicado entre todos, não é um projeto. Uma estratégia não comunicada, não é estratégia. Uma ideia não compartilhada e não comunicada, não vai adiante, porque não pertence a todos. É apenas sua! Penso que parte dessa dificuldade em criar e comunicar boas ideias no ambiente profissional vem justamente da base do sistema educacional.
Pensem comigo: uma aula, sem criatividade e comunicação, não gera atenção e aprendizagem, além de não criar vínculo entre professor e aluno. Comunicação verdadeira só acontece quando há vínculo e relacionamento, quando quem comunica consegue tocar o universo do aluno. Vai muito além de somente expor conhecimentos.
A sabedoria milenar da escola grega já falava sobre comunicação como estratégia. O filósofo Aristóteles dizia que uma boa comunicação deveria ser feita essencialmente de histórias. E além de histórias, dados e resultados práticos. Ele citava três elementos fundamentais para essa comunicação: pathos, ethos e logos.
Pathos (paixão) é o laço emocional. É a história. Onde há a conexão pelo que importa e tem significado.
Ethos (ética) é essencialmente a sua credibilidade. Os dados e a técnica. A razão pela qual as pessoas devem acreditar no que você está falando.
Logos (razão) é a estratégia de apontar para o racional do ser humano. Pelos resultados e comprovação lógica.
A escola padrão que não estimula a criatividade também desestimula a comunicação. A cena em que alunos passivos assistem a uma transmissão de conteúdo onde o professor oferece a aula de forma expositiva – e quase nada interativa – permanece como modelo em muitas escolas.
E o que fazer então nesse momento de ensino à distância? É hora de transformar! Não tem jeito, é preciso ainda mais criatividade e muito mais poder de comunicação para que a aprendizagem e o laço professor-aluno realmente aconteçam!
Lembro-me de uma educadora, que admiro muito, dizer: Há aulas que são fáceis de dar, mas difíceis de aprender. E aulas que são difíceis de dar, mas fáceis de aprender. Tal facilidade depende justamente da criatividade e da comunicabilidade. |
É responsabilidade da equipe pedagógica garantir que os professores possam também comunicar com criatividade. Em um mundo de informação instantânea, de conhecimento a um clique e com várias narrativas, o professor comunicador se destaca e mantém a conexão com o aluno! Lembrem que no mundo de hoje, quem detém conhecimento apenas não tem mais o poder de antes. Tem o poder quem detém conhecimento e sabe comunicá-lo das mais variadas e criativas formas.
Importante lembrar ainda: um aluno que comunica uma crítica ou uma dúvida, mas não é ouvido atentamente, não mais perguntará. É preciso apostar na relação e na comunicação entre todos no ambiente escolar. E comunicar verdadeiramente é também aceitar críticas. Mesmo à distância, comunicar é cativar. Cativar! Como disse a raposa ao Pequeno Príncipe: ela só confiaria nele e seria sua amiga se ele a cativasse. E o príncipe o fez com afeto.
Nota
A Escola de Criatividade em parceria com a jornalista Thays Beleze, desenvolveu o workshop Destreinamento na escola – Sem criatividade e comunicação não há inovação. Aulas em formato de pílulas práticas, exercícios e desafios aplicados por Jean Sigel (cofundador da Escola de Criatividade e especialista em inovação), Thays Beleze (criadora do método Worthcommunication e especialista em comunicação organizacional) e apoio do Richard Rebelo (ator, diretor de teatro e contador de histórias). Queremos saber o que você acha sobre essa ideia de produto. Troque ideia conosco. Queremos conversar e refletir sobre as suas necessidades.